A dinâmica social das gentes que vivem na Raia desmentem o velho rifão popular, “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”.
Há e, sempre houve, um bom entendimento cordato entre vizinhos, e a isto não é alheio o facto de muitos raianos espanhóis virem investir e/ou partilhar negócios em Portugal. Na Raia, não se vai a Espanha “comprar caramelos” como soi dizer-se.
A fronteira é apenas delimitada pela geografia natural. Para os que vivem na Raia, ir a Espanha é ir ali ao lado visitar amigos, confraternizar, (abastecer o carro de combustível muito mais em conta) e, muitas tantas vezes, abrir portas a pequenos ou até grandes negócios.
A Adega Rolan é um destes casos com Vítor Rolan e a sua mulher como protagonistas. Nascido num pequeno concelho galego, Tomiño, Província de Pontevedra, perto das margens do rio Minho, começou por se dedicar, quando jovem, à apanha de meixão e anos mais tarde, dedicou-se ao negócio de compra e vende de terrenos.
Foi num desses negócios, corria o ano de 1995, que se encantou por uma pequena propriedade no lugar de Silva, no concelho de Valença. Tratava-se de uma parte da original “Quinta da Pertigueira” e tinha apenas um hectare de vinha.
Nos anos que se seguiram foi comprando terras e instalando vinha até ao momento que já era necessário dar amplitude ao projeto e construir uma adega. A empresa contava então já com cerca de 30 hectares de vinhas plantadas apenas com castas brancas: Alvarinho, Loureiro, Trajadura e Cainho Branco.
A empresa nasce a 11 de dezembro de 2001, e no ano seguinte lança os seus primeiros vinhos. “Nos dias de hoje, é considerada a mais antiga adega em atividade em Valença do Minho e congrega três gerações da família Rolán. É uma propriedade onde existem registos que atestam o cultivo da vinha datado de 1951”, explica Virgínia Raínho, responsável do Departamento de Qualidade da Adega.
Os antigos locais dizem que a "Quinta" pertenceu a uma família da região há muitos anos e infelizmente foi perdida por uma "cabana de vinha" (cabaça utilizada para transportar vinho ou água, também chamada cabaça de peregrino). Os proprietários iniciais foram comprar vinho dos agricultores da área e não pagaram por isso, então de cabine em cabine, acabaram por perder a propriedade.
A Quinta era constituída por cerca de 12 hectares e meio e antes de chegar às mãos da família Rolán, tinha dois proprietários e estava dividida entre filhos e herdeiros.
As castas
Explica Virgínia, que a “casta Alvarinho é a rainha por excelência das vinhas, pois confere uma boa estrutura na boca aos vinhos e apresenta aromas tropicais - Trajadura e Loureiro são duas castas com as quais fazemos o nosso vinho ‘blend’, conferindo um corpo e aroma muito marcantes que o diferenciam dos vinhos varietais. O Loureiro é muito exuberante ao nível aromático e lembra o louro.”
No que toca ao Cainho branco “é uma casta autóctone que está prestes a desaparecer no Norte de Portugal. A sua produtividade é muito baixa e a sua maturação é tardia, mas por outro lado apresenta uma forte personalidade: notas de flores brancas, frutadas e herbáceas. Na boca é fresco e bem estruturado. Optámos por redescobrir esta casta e estamos agora em condições de colher as primeiras colheitas”.
Desde a sua origem enquanto empresa familiar, a Adega Rolan sempre adoptou uma visão de negócio focada nos valores da integridade, qualidade e diferenciação.
Atualmente conta com uma equipa de 6 pessoas, nas diversas áreas de atuação, desde o cuidado das vinhas ao processo de vinificação e engarrafamento, estando a gestão da Adega sob responsabilidade de alguns membros da família Rolan, incluindo o seu fundador Vítor Rolan. A enologia é da responsabilidade de J.M. Martinez Juste.
“Preocupados desde o minuto zero com o impacto ambiental, a Adega Rolan tenta que os seus vinhos sejam produzidos com o máximo rigor e excepcional qualidade”, sublinha a responsável.
A Adega Rolan tenta minimizar em todo o momento a intervenção das acções mecânicas e a utilização de fitofármacos na produção das suas uvas, tenta reverter os efeitos da acção humana e minimizar a utilização de recursos desnecessários na sua produção agrícola. Toda a água utilizada na laboração é proveniente de minas naturais, recursos hídricos que possui nos seus campos em abundância.